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A dama da noite

Essa é uma estória que conto para poucos, pois poucos são aqueles que acreditam. Eu falo sério quando digo que fantasmas existem já os vi em Feleram. Por que não em uma cidade tão grande e violenta, onde a morte parece saltitar de alegria pelas ruas por cada miserável que cai no chão, vítima de um oportunista, tentando ganhar sua vida? Abureba que o diga.
Mas não quero falar de uma alma penada qualquer. Esqueça sobre o chacoalhar de correntes ou uivos fantasmagóricos. Esse em particular era bem diferente pelo fato de estar vivo. Sim era um fantasma vivo, por assim dizer. Às pessoas que não entendem o conceito do ser etéreo pode parecer confuso à primeira vista, mas tenham em mente o que lhes disse até agora.
Era uma noite fria e o vento soprava forte no saguão da Academia Arcana. Apenas alguns alunos ainda praticavam para as provas práticas da manhã seguinte revendo as técnicas de evocação. Eu, no entanto, estava fazendo minha própria pesquisa.
- Falta só mais um pouco e esse cadeado já era...
Ei! Não é o que você está pensando. Sei bem que roubar as respostas da prova é errado. Minha pesquisa era sobre transmutação e eu precisava de espécimes únicos.
- Ah! Finalmente. – o lento ranger da porta anunciava minha chegada no dormitório feminino – aaaa..aaaah. Quase espirro, por que magas gostam tanto de incenso?
Sim eu fui quase entregue por um suave, porém, nessas circunstâncias, mortal odor de camomila. Pelo menos as fazia entrar em sono profundo. Abureba disse que nas situações mais arriscadas eu deveria usar o ambiente ao meu favor. Apagar o fogo das velas seria arriscado. Autocontrole era a chave de tudo. Eu só precisava de um fio de cabelo prateado e minha poção de invisibilidade seria perfeita.
A essa altura um leitor mais astuto estaria perguntando “Não acha que é perversão entrar em um quarto para tirar um fio de cabelo de uma garota”. Concordo, mas os únicos fios prateados que eu vi pertencem a uma aluna elfa. Eu tentei pedir, explicando que não iria fazer nenhum mal. Mas antes de terminar toda a sentença ela tinha me socado. Merecido, sim. Sem razão, até que não.
Enfim eu avistei a poucos metros flutuando em meio a brisa uma mecha perfeita. Tudo que eu precisava era cortar. Estava na minha frente ela e o...
- Olá! Meu nome é Amy. – Sorriso.
- Huh? Amy você não devia estar dormindo?
- Quer ajuda? – Ela correu seus dedos que em meio aos fios de cabelo desapareceram. – Aqui está, mas você devia sair antes que elas acord...
Nessa hora aconteceu tudo muito rápido. Lembro-me de Amy ter colocado algo quando sua mão atravessou o meu bolso, em seguida, apenas corri tropeçando em castiçais. Segui corredor afora gritando fantasma.
Na manhã seguinte não fui à prova, não saí do quarto, sequer saí da cama. A noite passada não fora das melhores e o pior ainda estavam por vir.

Continua...

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